A Amazónia ensinou-me a escutar com o corpo e comunicar com o coração

Voltar às memórias da viagem à Amazónia em 2022 é como abrir uma janela para um mundo onde o tempo se move de forma diferente, mais lento, mais profundo, mais conectado.

Já passaram quase três anos desde essa imersão transformadora no coração da floresta, e, ainda hoje, confesso que é difícil colocar em palavras tudo o que vivi e senti. Foi uma experiência que ultrapassou o plano físico. Foi à alma. Foi à essência. E foi muito real.

Recordo com carinho os sons intensos e sagrados da floresta, o canto dos pássaros ao amanhecer, o ritmo da chuva nas folhas largas, o sussurro do vento entre as árvores. Os cheiros vivos da terra molhada, os sabores dos alimentos partilhados, os desafios que me levaram além do que esperaria. Tudo isso moldou algo novo em mim.

Hoje, essa memória não é nostalgia. É energia viva. É combustível que me alimenta. Trago esses ensinamentos para o que faço agora, tanto como facilitadora de processos de cura, como no caminho pessoal que continuo a trilhar com humildade e presença.
No curso de cura xamânica da Amazónia, uma herança preciosa do povo indígena Guarani, essa energia ganha forma. Partilho-a com mais amor, entrega, empenho e força do que nunca.

Assim como no mundo digital, onde tudo muda rapidamente e somos chamados a escutar o que não é dito, também na cura xamânica escutamos o invisível. Trabalhamos com o simbólico, com o vibracional, com o ancestral.

A Amazónia ensinou-me a estar mais presente. A ouvir com o corpo. A comunicar com o coração.

E curiosamente, é isso que transforma tudo.

Porque a verdadeira conexão com o outro, com a nossa própria essência, começa no silêncio.

E é sempre bom voltar.
Voltar às memórias. Voltar à origem. Voltar a nós.

Foto: pintura Borari de olho de cobra.